(...) "O adulto - para a educação de jovens e adultos - não é o estudante universitário, o profissional qualificado que freqüenta cursos de formação continuada ou de especialização, ou a pessoa adulta interessada em aperfeiçoar seus conhecimentos em áreas como, por exemplo, artes, línguas estrangeiras ou música. Ele é geralmente o migrante que chega às grandes metrópoles proveniente de áreas rurais empobrecidas, filho de trabalhadores rurais não-qualificados e com baixo nível de instrução escolar (muitos freqüentemente analfabetos) [consideração: de acordo com as discussões feitas durante a apresentação do grupo "Alfabetização e Letramento em Ciências e Tecnologia", percebemos que muitos alunos da EJA aqui chamados pela autora de "analfabetos" são "letrados" considerando os diversos "graus" atribuídos durante as discussões em sala.] ... ele busca a escola tardiamente para alfabetizar-se ou cursar algumas séries do ensino supletivo".
(...) "O adulto está inserido no mundo do trabalho e das relações interpessoais de um modo diferente daquele da criança e do adolescente. Traz consigo uma história mais longa (e provavelmente mais complexa) de experiências, conhecimentos acumulados e reflexões sobre o mundo externo, sobre si mesmo e sobre as outras pessoas. (...) essas peculiaridades da etapa de vida em que se encontra o adulto fazem com que ele traga consigo diferentes habilidades e dificuldades (em comparação à criança) e, provavelmente maior capacidade de reflexão sobre o conhecimento e sobre seus próprios processos de aprendizagem".
(...) Um ponto a ser mencionado aqui é a adequação da escola para um grupo que não é o "alvo original" da instituição (...) a linguagem escolar mostrou ser um dos maiores obstàculos à aprendizagem do que o próprio conteúdo, um indicativo da falta de sintonia entre a escolas e os alunos que dela se servem.
Baseado no texto da autora Marta Kohl